Avaliação do tratamento de água de abastecimento e proposta de incorporação de lodo de ETA em massa argilosa utilizada na fabricação de cerâmica vermelha

Abstract

Nas Estações de Tratamento de Água (ETA) para abastecimento público há, paralelamente à produção de água potável, a produção de lodo resultante da remoção das impurezas da água bruta encontrada na natureza. Essa remoção pode ocorrer pela aplicação de um coagulante químico que neutraliza as cargas negativas da matéria em suspensão, aglutinando-as em flocos com peso suficiente para que possam sedimentar, separando os sólidos do líquido a ser destinado ao abastecimento. Com a contínua sedimentação dos flocos ocorre o acúmulo dos mesmos no fundo dos decantadores, formando assim um lodo. Esse lodo tem uma composição aproximada dos sólidos da água bruta, acrescido dos produtos derivados dos reagentes aplicados na coagulação/floculação, e deve ser removido com determinada frequência, evitando a saturação e mantendo a eficiência do tratamento. Apesar disto, o mesmo não pode ser disposto em corpos hídricos pois pode causar assoreamento de rios, alterar as propriedades físico-químicas da água, interferir na fotossíntese das plantas e pode ocasionar problemas de saúde à quem faz uso desta água. Portanto sua disposição torna-se um desafio, haja vista que deve-se buscar a alternativa mais viável economicamente e ambientalmente. A transformação desse resíduo em produtos úteis à sociedade mostra-se uma alternativa promissora, incluindo o uso na fabricação de peças cerâmicas. Este estudo teve como objetivo principal avaliar a viabilidade técnica da incorporação do lodo de ETA em massa argilosa para fabricação de cerâmica vermelha - telha. Para alcançar este objetivo foram definidos os objetivos específicos, a citar, o acompanhamento e avaliação do processo de tratamento da água; a análise da qualidade da água tratada; a avaliação do processo de coagulação/floculação quanto à dosagem de Sulfato de Alumínio e sua eficiência; a caracterização do lodo gerado; a proposição de destino adequado ao lodo gerado na etapa de decantação com a sua incorporação em massa argilosa de cerâmica vermelha. Referente a avaliação da qualidade da água tratada pela ETA em estudo bem como a eficiência do processo, o tratamento mostrou-se ineficiente, pois mesmo fornecendo uma água dentro dos padrões estabelecidos para cor e turbidez, os parâmetros pH e Alumínio não atenderam a Portaria 2.914/11 do Ministério da Saúde que trata dos padrões de potabilidade. Por isso se faz necessário e urgente ajustes no processo de tratamento de água. Quanto ao lodo gerado foram realizadas análises de caracterização bem como confeccionados corpos de prova cerâmicos com diferentes composições, com a inclusão de até 15% em peso de lodo, e submetidos a testes de densidade, absorção de água e resistência à flexão, comparando os resultados obtidos com normas vigentes de produção de telhas, uma vez que é o ramo da cerâmica mais comum na região em que a ETA está inserida. Concluiu-se que os resultados não foram satisfatórios, apresentando baixa resistência e absorção de água acima do máximo permitido pela NBR 15.310/05 que estabelece padrões para fabricação e telhas.