Análise da funcionalidade e do cuidado em saúde voltado para pessoas com AVC em tempos de pandemia de COVID-19

Abstract

Atualmente, o Acidente Vascular Cerebral, encontra-se entre os mais significativos problemas de saúde pública, que, por vezes, acabam acarretando incapacidades permanentes ou transitórias nas pessoas. Com o aumento das doenças de ordem crônicas não transmissíveis, o Brasil experimenta uma transição epidemiológica, inclusive abarcando indivíduos mais jovens. O acompanhamento terapêutico especializado se faz necessário, visando, sobretudo, reestabelecer as funções de acordo com as possibilidades individuais. Apesar dos avanços que vem ocorrendo, até o presente momento, na saúde pública, estudos apontam que o seguimento do cuidado em comunidade, por vezes, se demonstra insatisfatório; isso porque existem variações dos sistemas de assistência. À vista disso, o estudo em tela objetivou analisar o grau de funcionalidade das pessoas com acidente vascular cerebral pós-alta de um centro especializado em reabilitação e, correlacionar com os cuidados da rede de saúde em tempos pandêmicos. Realizou-se um estudo transversal, quantitativo e descritivo. A pesquisa foi realizada em formato de entrevista, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos da UNESC por meio do parecer nº 5.011.597 (CAAE 52072721.5.0000.0119. Os participantes responderam os questionamentos por meio de ligações telefônicas, contato via whatsapp, e e-mail. Foi empregada a medida de independência funcional para análise da funcionalidade, bem como, um questionário estruturado pela autora com indagações voltadas para o cuidado em saúde, autocuidado, e possíveis impactos da pandemia Covid-19, na assistência em saúde, durante o período pós-alta do programa de reabilitação. A amostra final contou com 51 (cinquenta e um) usuários. Os resultados obtidos corroboraram, em parte, com a hipótese principal levantada. A funcionalidade apresentou declínio após a alta em números, porém, manteve-se dentro da classificação utilizada. Os entrevistados mantiveram sua funcionalidade em 78,43% quando questionados sobre sua proximidade com atenção primária em saúde. O acompanhamento terapêutico para o seguimento da linha de cuidado do paciente crônico, por vezes, é pequeno, da amostra 68,63% não realiza, o que explica o declino funcional. De acordo com o presente estudo os usuários que realizam acompanhamento terapêutico aprimoraram sua funcionalidade comparando aos que não fazem. Em 74,19% dos pacientes que realizam seu autocuidado a funcionalidade foi mantida, e evitaram em 84,31% um novo episódio de acidente vascular cerebral. Em relação aos usuários que deixaram de realizar terapia durante a pandemia, cerca de 60,78% não obtiveram prejuízo funcional. O estudo mostrou, ainda, a importância do autocuidado e autocuidado apoiado, frente às condições crônicas, e o quanto às ações de educação em saúde devem ser empregadas na prática profissional. Diante do impacto que a baixa funcionalidade proporciona à qualidade de vida deste público, a identificação da atenção no cuidado à saúde é de grande valia para o desenvolvimento e estabelecimento de medidas voltadas à prevenção de agravos, e promoção em saúde.