Desafios no processo de trabalho da equipe multiprofissional do CAPS

Abstract

Este estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritivo-exploratório e de campo tem por finalidade identificar os desafios no processo de trabalho na equipe multiprofissional do CAPS. Foi realizado num Centro de Atenção psicossocial I, de um município do Extremo Sul Catarinense, entrevistando nove profissionais, que concordaram em fazer parte do estudo, assinando o TCLE. Foi utilizado um roteiro de entrevista semi-estruturada,com perguntas abertas e fechadas atendendo preceitos da resolução 466/2012. A coleta ocorreu no segundo semestre de 2013, após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa, no próprio local de trabalho, agendado conforme disponibilidade de horário de profissionais e pesquisador. Para análise e interpretação dos dados qualitativos foi utilizado o referencial de Minayo (2009), através da categorização dos dados. Participaram do estudo nove profissionais, que ressaltaram como maior desafio no processo de trabalho o usuário do serviço, citando como dificuldades a gravidade dos casos, mudança de comportamento e seu entendimento, dificuldades para adesão ao tratamento, respeitar seus limites, inovar para motivá-lo. Outras questões apontadas como dificuldade foram o trabalho de equipe, a rotatividade, familiar pouco participante do tratamento e a dificuldade de resolutividade na Atenção Básica. Entre as sugestões dos profissionais estão a realização de assembléias com os pacientes, pesquisas sobre trabalho multiprofissional, melhoria de relacionamento interpessoal, preparo para abordar pacientes, humanização no atendimento, capacitação para profissionais de UBS e ações voltadas para o cuidado do cuidador. Pode-se concluir com esse estudo que a equipe do CAPS possui muitos desafios em seu processo de trabalho, começando pelo atendimento aos usuários. O manejo clínico traz momentos de preocupações ao mesmo tempo de fragilidade, que devem ser consideradas com reflexões sobre a prática profissional e aprimoramento das mesmas. Nesta perspectiva a construção da RAPS segue como proposta de mudança possível, que favorece o matriciamento e a intersetorialidade das ações de saúde mental.