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Título: Caracterização bioquímica e imunológica do veneno da serpente Micrurus surinamensis
Autor(es): Oliveira, Daysiane de
Orientador(es): Ávila, Ricardo Andrez Machado de
Co-orientador: Olórtegui, Carlos Delfin Chávez
Palavras-chave: Soro antielapídeco
Soro antiofídico
Veneno de serpentes
Anticorpos neutralizantes
Cobra-coral - Veneno
Descrição: Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde.
Resumo: Acidentes com serpentes são considerados um problema de saúde pública, estando inclusos na lista de Doenças Tropicais Negligenciadas da Organização Mundial da Saúde. Apesar da baixa incidência dos acidentes com as serpentes do gênero Micrurus, a potencial gravidade dos mesmos e a escassez de informações bioquímicas dos venenos destas cobras-corais, faz com que aumente a necessidade de investigação. Alguns venenos do gênero Micrurus já possuem seus mecanismos fisiopatológicos e sua composição melhor descritos. Entretanto, para o veneno de Micrurus surinamensis, há poucas informações a respeito da fisiopatologia e seus componentes principais, limitando, desta forma, o melhor entendimento molecular do mecanismo provocado pelo veneno. O soro comercial utilizado para o tratamento dos envenenamentos é produzido pela hiperimunização de cavalos com venenos do gênero Micrurus, porém o veneno de M. surinamensis não é incluso nesta produção, o que pode gerar um tratamento ineficaz em indivíduos picados por esta serpente. Neste sentido, este trabalho procurou investigar as moléculas presentes do veneno e suas atividades. Para avaliar o perfil proteico dos venenos foi realizada eletroforese SDS-PAGE. O veneno de M. surinamensis possui todas as suas proteínas abaixo de 31kDa, enquanto M. frontalis tem bandas até 50kDa. Já em relação a toxicidade, M. frontalis apresentou uma DL50 de 0,69 mg/kg em camundongos e uma EC50 em células MGSO-3 de 4,219 μg, enquanto que M. surinamensis possui uma DL50 de 0,75 mg/kg e uma EC50 de 25,47 μg. A verificação da presença de atividades enzimáticas foi avaliada através de ensaios in vitro. Ambos venenos apresentaram atividade hialuronidásica, entretanto apenas o veneno de M. frontalis apresentou as atividades fosfolipásica e de L-aminoácido oxidase. Para avaliação da capacidade de produzir edema e dor, camundongos tiveram os venenos injetados na pata. Os venenos de M. frontalis e M. surinamensis apresentaram edema consideráveis. Apenas o veneno de M. frontalis foi capaz de gerar dor nos camundongos. Também foi produzido um soro antiveneno de M. surinamensis em coelhos para se realizar uma comparação com os soros comerciais produzidos no Brasil e Costa Rica. Através de ELISA e Western Blot e do ensaio de neutralização em camundongos, foi percebido que o soro produzido em coelhos foi capaz de reconhecer fortemente o veneno de M. surinamensis em ambos os ensaios e também de neutralizar a ação tóxica do veneno em animais. Já os soros comerciais foram capazes de reconhecer e neutralizar apenas parcialmente o veneno de M.surinamensis. O veneno de M. frontalis apresentou comportamento contrário ao de M. surinamensis, não sendo reconhecido pelo soro produzido em coelhos e apresentando reatividade com os soros comerciais. Como conclusão temos que o veneno de M. surinamensis apresenta um perfil proteico e de atividades biológicas muito diferente do veneno de M. frontalis, o que faz com que o veneno não seja totalmente reconhecido e neutralizado pelos soros comerciais antielapídico produzidos no Brasil e na Costa Rica. Este fato se torna um problema de saúde pública, uma vez que indivíduos picados pela serpente da espécie M. surinamensis podem não receber um soro antielapídico eficiente para tratar os efeitos tóxicos do veneno, podendo levar a morte.
Idioma: Português (Brasil)
Tipo: Dissertação
Data da publicação: 2017
URI: http://repositorio.unesc.net/handle/1/5198
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