Saúde mental de adolescentes em meio à pandemia da COVID-19 na cidade de Criciúma – Santa Catarina

Abstract

Introdução: A adolescência é uma fase marcada por mudanças físicas, mentais e emocionais que podem desencadear transtornos e doenças mentais. A saúde mental de adolescentes representa um desafio para a saúde pública, portanto, identificar os sintomas de saúde mental nesta fase, realizar intervenções e oferecer tratamento adequado são fundamentais para evitar o desenvolvimento e progressão dos distúrbios mentais e, assim, fazer com que os adolescentes tenham melhor adaptação em termos sociais, melhor desempenho escolar e tornem-se adultos mais adaptados e produtivos. Com a pandemia de Covid-19, observou-se diversos prejuízos na saúde mental da população, especialmente dos adolescentes. Objetivo: Avaliar a saúde mental e seus fatores associados em adolescentes durante a pandemia de Covid-19 em Criciúma, Santa Catarina. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com abordagem quantitativa, utilizando dados secundários disponibilizados pela Organização Militar do Exército Brasileiro da cidade de Criciúma, Santa Catarina. Participaram do estudo adolescentes do sexo masculino, entre 17 e 19 anos, residentes em Criciúma que realizaram o alistamento militar no ano de 2020. O Questionário continha informações sociodemográficas, antropométricas, de hábitos de vida e de saúde mental. Foram apresentadas análises descritivas de todas as variáveis estudadas. As associações brutas entre as variáveis de saúde mental e as variáveis sociodemográficas e comportamentais estudadas foram realizadas por meio do teste exato de Fisher, teste t de Student e ANOVA, utilizando nível de significância de 5%. Para as análises ajustadas, foi utilizada Regressão de Poisson e Regressão linear. Resultados: Foram estudados 923 adolescentes, dos quais 66,1% possuíam 18 anos de idade, 52,8% tinham o ensino médio incompleto, 75,4% realizavam 3 a 4 refeições diária, 62,7% tinham prática suficiente de atividade física e 57,1% referiam qualidade de sono boa ou muito boa. Nas variáveis de saúde mental 3,6% referiram sentimento de tristeza e 43,9% apresentaram transtorno não psicótico. A prevalência de transtorno não psicótico foi 77% maior entre os que relataram a qualidade de sono regular ou ruim e 55% maior entre os que tinham histórico de doença psiquiátrica, comparados àqueles com qualidade de sono muito boa e boa e que não possuíam histórico de doença psiquiátrica. As menores médias do índice de saúde mental foram observadas nos adolescentes que possuíam renda familiar menor que dois salários-mínimos e que possuíam histórico de doença psiquiátrica. Conclusão: Os dados demonstram as repercussões da pandemia na saúde mental dos adolescentes, como apresentação de transtornos não psicóticos sendo mais prevalente entre aqueles com pior qualidade de sono e que tinham histórico de doença psiquiátrica, além de diminuição do índice de saúde mental entre os que tinham histórico de doença psiquiátrica, o que alerta para a atenção nesse público. Por já representar um grupo mais vulnerável às questões de saúde mental, torna-se ainda mais urgente a realização de ações voltadas aos adolescentes. Além disso, esses achados podem ser utilizados pelos gestores de escolas e serviços de saúde, de forma a compreender os problemas de saúde mental bem como os fatores que interferem na saúde mental, e assim contribuir com a promoção de medidas de intervenção em saúde coletiva.