Diagnóstico socioambiental para a criação de um mosaico de unidades de conservação na região estuarina do Rio Araranguá

Abstract

Os ambientes marinho-costeiros estão entre os mais degradados do país e do mundo, pelo uso e ocupação desordenados destes territórios. Na mesma linha tendência de um padrão mundial, encontra-se o Distrito de Ilhas, em Araranguá – SC. Ilhas é uma comunidade que historicamente utiliza recursos ambientais como forma de sobrevivência, sejam os pescados ou os artesanatos, ambos oriundos do extrativismo da população tradicional. Com o avanço da economia capitalista, ambientes preservados são alvos de especulação imobiliária e turística, gerando processos degradantes em ambientes sensíveis ou preservados. Com o intuito de contribuir para a preservação um ecossistema sensível, com a presença de restingas e marismas, e de garantir a sobrevivência da atual e das futuras gerações, este trabalho teve como objetivo principal realizar um diagnóstico socioambiental junto à população tradicional do Distrito de Ilhas, com a finalidade de possibilitar a criação de um mosaico de Unidades de Conservação, visto que em Araranguá existe uma Área de Proteção Ambiental, uma Reserva Extrativista e um Monumento Natural. Neste estudo considerou-se parâmetros socioambientais como: presença de espécies exóticas da flora; especulação imobiliária e criação de animais, a fim de caracterizar impactos que possam ser significativos do ponto de vista de garantia à vida das populações existentes. Com a criação de novos acessos ao Distrito de Ilhas, nota-se a crescente atuação da especulação imobiliária. Esta, por sua vez, gera conflitos entre aqueles que buscam a preservação ambiental e os que buscam a ocupação desordenada desse território. Considerando tal contexto, os estudos foram focados no Trecho 3 do Plano de Gestão Integrada da Orla Marítima de Araranguá (PGI). Trata-se da área que é, segundo o PGI, a mais impactada da orla de Araranguá, justamente pela especulação imobiliária. Pensando na garantia à vida, idealizou-se uma situação em que neste Trecho 3 fosse criada uma Reserva Extrativista do Distrito de Ilhas, com o intuito de preservar a vida da flora e da fauna local e criar possibilidades de a população tradicional continuar com o extrativismo, garantindo qualidade de vida para esta e para as futuras gerações. A utilização do PGI de Araranguá e a criação de Planos de Manejo para as Unidades de Conservação presentes neste território também foram propostas.