Percepção dos professores de ensino regular sobre o preparo do docente para atuar junto a crianças com deficiência intelectual e transtornos mentais na perspectiva da educação inclusiva e integralidade em saúde

Abstract

No Brasil, a educação como direito de todos, passou a ganhar força e o direito de acesso ao ensino se estendeu às crianças com necessidades educacionais especiais. Mediante provocações para a inclusão e aceitação dos estudantes em sua subjetividade e integralidade, independentemente de suas limitações, temáticas como, Deficiência Intelectual (DI) e Transtornos Mentais (TM), foram se apresentando como fragilidades, no âmbito educacional, dentre as propostas de inclusão e da atuação docente. Objetivo: analisar a percepção dos professores sobre o conhecimento dos docentes da rede municipal de ensino fundamental (I) sobre DI e TM na infância e como se preparam para atuar com esses escolares. Método: estudo transversal, descritivo, quantitativo, realizado em 52 escolas de ensino fundamental (I) de um município do Sul de Santa Catarina. A amostra foi probabilística, aleatória, totalizando 220 professores. A coleta de dados foi realizada mediante questionário fechado autoaplicável com 35 questões. A análise estatística foi realizada no software SPSS versão 23.0. O Teste de Kruskal Wallis (sucedido pelo Teste post-hoc de Dunn) foi utilizado para quantificar a distribuição do escore de conhecimento em relação a forma de atuação dos professores junto aos alunos; para as variáveis categóricas em relação ao desfecho, utilizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson. A Regressão Logística Binária foi utilizada na análise multivariada, sendo estimado o Odds Ratio e respectivos intervalos de confiança 95%. Para todos os testes foi considerado como significativo p<0,05. O estudo deriva-se de um macroprojeto aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, sob protocolo n. 1.870.511. Resultados: mediante análise multivariada, para o desfecho relacionado a atuação dos professores junto aos alunos com DI, os fatores de risco associados a deficiência na atuação foram: Pouca participação em cursos (OR=8,293; IC95%: 1,558-44,144); autopercepção menor de conhecimento relacionado a atuação junto aos alunos com DI (OR=20,508; IC95%: 3,195-131,631); não se sentir capacitado para identificar uma criança com sinais de DI (OR=29,675; IC95%: 6,580-133,831); não receber informações/orientações sobre como trabalhar com estudantes com DI pela equipe pedagógica (OR=13,853; IC95%: 1,720-111,568). Para o desfecho relacionado a atuação junto aos alunos com TM, os fatores de risco associados a dificuldade de atuação foram: professores não terem em sua formação disciplina voltada ao tema (OR=17,751; IC95%: 1,530-205,893); autopercepção menor de conhecimento relacionado a atuação junto ao alunos com TM (OR=14,834; IC95%: 1,166-188,743); conhecimento insatisfatório TM (OR=13,205; IC95%: 1,653-105,462); não se sentir capacitado para identificar uma criança com sinais de TM (OR=10,660; IC95%: 1,452-78,271); não receber informações/orientações sobre como trabalhar com alunos com TM pela equipe pedagógica (OR=9,822; IC95%: 1,041-92,631). Conclusão: os achados expressaram na percepção dos participantes sobre a falta de preparo para atuação docente com esse público, indicaram associação entre a atuação/conduta docente e a dificuldade de organizar as propostas pedagógicas, conhecimento incipiente sobre DI e TM, pouca contribuição dos cursos oferecidos para a prática em sala de aula e baixo conhecimento sobre a oferta de cursos de instrumentalização sobre esses temas. Recomenda-se novos estudos sobre o reconhecimento de como ocorrem as ações de instrumentalização docente para atuação com esse público.