Sono, ansiedade e cafeína: uma análise da saúde dos estudantes universitários

Abstract

Atualmente a saúde mental de estudantes universitários, com ênfase nos acadêmicos de enfermagem está com uma alta relevância. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde mental é considerada um estado de bem-estar que permite o desenvolvimento de habilidades pessoais para enfrentar os desafios da vida e contribuir com a comunidade. No entanto, o bem-estar de uma pessoa não depende apenas do aspecto psicológico e emocional, mas também de condições fundamentais, como saúde física, apoio social e condições de vida. Além disso, a saúde mental é determinada por fatores sociais, ambientais e econômicos. Os universitários, especialmente os de enfermagem, enfrentam diversos desafios que podem afetar sua saúde mental. Esses fatores podem levar a sintomas como dificuldade para dormir, irritação e ansiedade, que podem prejudicar o desempenho acadêmico e a qualidade de vida desses estudantes. Esta pesquisa caracteriza-se como do tipo descritiva e exploratória, com abordagem quantitativa. O objetivo do presente estudo foi investigar a quantidade de distúrbios do sono, ansiedade e consumo excessivo de cafeína em acadêmicos de enfermagem, bem como suas inter-relações. Para isso, a amostra foi composta por 52 acadêmicos de enfermagem, de uma universidade do extremo sul catarinense do Brasil. Foram aplicados os questionários sociodemográficos aos acadêmicos, os quais foram obtidas informações sobre idade, sexo, fase do curso, etc; o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI): para avaliar a qualidade e distúrbios do sono; Escala de Ansiedade de Beck (BAI): para mensurar os níveis de ansiedade; Questionário de Consumo de Cafeína: para investigar o consumo diário de cafeína; Questionário de Saúde Geral de Goldberg (GHQ-12): para avaliar a percepção de saúde mental. Os testes foram realizados através da plataforma google formulário e encaminhados aos alunos. Os participantes responderam aos instrumentos de forma individual e anônima depois de terem assinado o termo de consentimento livre esclarecido. Foram realizadas análises comparativas entre as diferentes fases do curso e testes de correlação para investigar as relações entre as variáveis. Evidenciou-se que dos 52 estudantes de enfermagem participantes da pesquisa somente 2 são do sexo masculino, refletindo a tradição de associar os cuidados em saúde ao gênero feminino. Estudantes de enfermagem enfrentam elevados níveis de ansiedade, sendo que 40 apresentaram ansiedade, devido à carga de trabalho intensa, estágios exigentes e responsabilidades acadêmicas que frequentemente ultrapassam o período de aula. A ansiedade, além de comprometer o desempenho acadêmico, está ligada a uma qualidade de sono deficiente, o que intensifica o estresse. Isso ocorre devido às condições de trabalho (por trabalhar a noite, fator comum na rotina dos estudantes) e pela ansiedade devido às demandas acadêmicas. Muitos estudantes recorrem ao uso de psicoestimulantes, como a cafeína, para manter a atenção e lidar com a sobrecarga de tarefas. Porém o uso excessivo da cafeína pode acarretar na presença de sintomas de ansiedade, assim como sintomas de palpitação, sentimentos de apreensão, irritabilidade e distúrbios do sono, criando um ciclo que agrava ainda mais o estado mental dos estudantes.