Efeitos da aplicação de membrana amniótica descelularizada e solubilizada com ácido hialurônico na cicatrização de feridas cutâneas em ratos wistar

Abstract

A cicatrização de feridas é um processo dinâmico, que envolve uma série de eventos coordenados com múltiplos níveis de complexidade, visando restaurar a integridade tecidual local. A membrana amniótica (MA) tem sido usada recentemente como suporte para a transferência de células para as feridas pois apresenta características importantes como promover reepitelização, apresentar propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias, de inibição da fibrose e apresentar resistência. Pesquisa indicam que o ácido hialurônico (AH) é capaz de estimular o desenvolvimento de fibrina, a atividade fagocitária, a mobilidade dos neutrófilos, dos macrófagos e a migração de fibroblastos. Assim, o objetivo geral deste trabalho foi avaliar o efeito da aplicação da membrana amniótica descelularizada e solubilizada com ácido hialurônico no processo de cicatrização de feridas cutâneas em modelo experimental. Foram utilizados 96 ratos Wistar machos de 60 dias com 250-300g divididos em 2 grupos de 48 animais em cada, sendo um grupo submetido à eutanásia no sétimo dia de tratamento e o outro no décimo quarto dia, objetivando avaliar a evolução da ferida e as fases inflamatórias nestes dois tempos. Os ratos foram submetidos à anestesia e então à lesão cutânea por excisão na região do dorso. Logo após os mesmos foram randomizados e divididos em quatro grupos com n=12: I–Lesão epitelial (LE); II–LE+MA; III–LE+AH; IV–LE+MA+AH. Avaliou-se a contração da ferida quantificando sua área no primeiro, no sétimo e no décimo quarto dia. Após a retirada da pele, nos animais do Grupo II, III e IV as feridas foram cobertas totalmente pela MA e/ou AH conforme randomização. No sétimo e décimo quarto dia após eutanásia a área lesionada dos animais de cada grupo foi retirada para análise histológica, bioquímica e molecular. Observou-se um aumento significativo na contração da ferida nos grupos LE+MA, LE+AH e LE+MA+AH no décimo quarto dia. A média do número de fibroblastos aumentou significativamente no grupo LE+MA+AH em relação ao grupo LE e as fibras de colágeno apresentaram um aumento no grupo LE+MA em relação ao controle no sétimo dia; a média de infiltrado inflamatório diminuiu significativamente no LE+MA+AH em relação ao grupo LE no décimo quarto dia. Os níveis de mRNA de NF-κβ diminuíram significativamente nos grupos LE+MA e LE+MA+AH em relação ao controle no sétimo dia. Os níveis de citocinas pró-inflamatórias TNF-α, IL1β e IL6 apresentaram uma redução no grupo LE+MA+AH em relação ao grupo LE tanto no sétimo quanto no décimo quarto dia; já os níveis de citocinas anti-inflamatórias IL10, IL4 e TGF-β apresentaram um aumento significativo no grupo LE+MA+AH em relação ao controle principalmente no décimo quarto dia. Em relação aos parâmetros de estresse oxidativo, os níveis de nitrito diminuiram no grupo de terapia combinada quando comparado ao grupo controle, bem como o dano oxidativo (carbonil), no sétimo dia. Na defesa antioxidante ocorreu um aumento da GSH e da SOD no grupo de terapia combinada tanto no sétimo quanto no décimo quarto dia. Com os resultados foi possível observar que as terapias propostas contribuíram para aceleração do processo inflamatório com antecipação da fase de reparo.